sexta-feira, 5 de julho de 2013

Sátira: Desabafos de uma Mulher "moderna"

 “São 5.30H da manhã, o despertador não pára de tocar e não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou acabada. Não quero ir trabalhar hoje. Quero ficar em casa, a cozinhar, a ouvir música, a cantar, etc. Se tivesse um cão levava-o a passear nos arredores. Tudo menos sair da cama, meter a primeira e ter de por o cérebro a funcionar. Gostava de saber quem foi a bruxa imbecil, a matriz das feministas que teve a ideia de reivindicar os direitos da mulher e porque o fez connosco que nascemos depois dela? 


Estava tudo tão bem no tempo das nossas avós, elas passavam o dia todo a bordar, a trocar receitas com as suas amigas, ensinando-se mutuamente segredos de condimentos, truques, remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos seus maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, recolhendo legumes das hortas e educando os filhos.


 A vida era um grande curso de artesãos, medicinas alternativas e de cozinha. Depois ainda ficou melhor, tivemos os serviços, chegou o telefone, as telenovelas, a pílula, o centro comercial, o cartão de crédito, a Internet! Quantas horas de paz a sós e de realização pessoal nos trouxe a tecnologia! Até que veio uma tipa, que pelos vistos não gostava do corpinho que tinha, para contaminar as outras rebeldes inconsequentes com ideias raras sobre 'vamos conquistar o nosso espaço' Que espaço?! Que caraças! Se já tínhamos a casa inteira, o bairro era nosso, o mundo a nossos pés?! Tínhamos o domínio completo dos nossos homens, eles dependiam de nós, para comer, vestirem-se e para parecerem bem à frente dos amigos e agora? Onde é que eles estão?! Nosso espaço?! Agora eles estão confundidos, não sabem que papel desempenham na sociedade, fogem de nós como o diabo da cruz.


 Essa piada..., acabou por nos encher de deveres. E o pior de tudo acabou lançando-nos no calabouço da solteirice crónica aguda! Antigamente os casamentos eram para sempre. Porquê? Digam-me porque é que, um sexo que tinha tudo do melhor que só necessitava de ser frágil e deixar-se guiar pela vida começou a competir com os machos? A quem ocorreu tal ideia? Vejam o tamanhão do bíceps deles e vejam o tamanho dos nossos!


Estava muito claro que isso não ia terminar bem. Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de ser magra como uma escova, mas com as mamas e o rabo rijos, para o qual tenho que me matar no ginásio, ou de juntar dinheiro para fazer uma mamoplastia, uma lipo, ou implantes nas nádegas... Alem de morrer de fome, pôr hidratantes, anti-rugas, padecer do complexo do radiador velho a beber água a toda a hora e acima de tudo ter armas para não cair vencida pela velhice, maquilhar-me impecavelmente cada manha desde a cara ao decote, ter o cabelo impecável e não me atrasar com as madeixas, que os cabelos brancos são pior que a lepra, escolher bem a roupa, os sapatos e os acessórios, não vá não estar apresentável para a reunião do trabalho. E não só, mas também ter que decidir que perfume combina com o meu humor, ter de sair a correr para ficar engarrafada no transito e ter que resolver metade das coisas pelo telemóvel, correr o risco de ser assaltada ou de morrer numa investida de um autocarro ou de uma mota, instalar-me todo o dia em frente ao PC, trabalhar como uma escrava, moderna claro esta, com um telefone ao ouvido a resolver problemas uns atrás dos outros, que ainda por cima não são os meus problemas!!!


Tudo para sair com os olhos vermelhos - pelo monitor, porque para chorar de amor não há tempo! E olhem que tínhamos tudo resolvido, estamos a pagar o preço por estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, perfumadas, unhas perfeitas, operadas, sem falar do currículo impecável, cheio de diplomas, de doutoramentos e especialidades, tornámos-nos super-mulheres mas continuamos a ganhar menos que eles e de todos os modos são eles que nos dão ordens! Que desastre! Não seria muito melhor continuar a cozer numa cadeira? Basta! Quero alguém que me abra a porta para que possa passar, que me puxe a cadeira quando me vou sentar, que mande flores, cartinhas com poesias, que me faça serenatas à janela!


Se nós já sabíamos que tínhamos um cérebro e que o podíamos utilizar para quê ter que demonstra-lo a eles? Ai meu Deus, são 6.10H, e tenho que levantar-me da cama … estou atrasada para variar, não vou conseguir estacionamento… Que fria está esta solitária e enorme cama! Ahhhh... Prefiro ter um maridinho que chegue do trabalho, que se sente no sofá e me diga: Meu amor traga-me um whisky por favor? Ou: O que há para jantar? Porque descobri que é muito melhor servir-lhe um jantar caseiro do que atragantar-me com uma sanduíche e uma Coca-Cola light enquanto termino o trabalho que trouxe para casa. Pensas que estou a ironizar ou a exagerar? Não minhas queridas amigas, colegas inteligentes, realizadas, liberais.... E idiotas! Estou a falar muito seriamente: ABDICO DO MEU POSTO DE MULHER MODERNA!!! E DIGO MAIS: A maior prova da superioridade feminina era o facto de os homens se esfolarem a trabalhar para sustentar a nossa vida boa! Agora somos “iguais” a eles! …”
In: tempos de frustrações

Queria só...ser Jornalista :(

Eu sonhava alto. Queria ser uma daquelas jornalistas que ficam até tarde na redacção  com um monte de cigarro na boca, xícaras de café na mão e furos jornalísticos memoráveis. Cada vez que o professor no curso de jornalismo contava da sua experiência, eu sonhava mais. E quando eu lia livros, então? Rota 66, Os Mídias em Angola e outros, foram  livros que me fizeram voar longe.

O tempo foi passando e o sonho foi perdendo força, graças aos constantes problemas envolvendo a profissão, que, nas décadas de 60, 70, 80 e 90, ainda era considerada o Quarto Poder. O jornalista era temido, paparicado e tinha nas mãos o futuro de uma celebridade ou político, por exemplo.

Mas parece que tanto glamour limou o profissional jornalista. Acho que com o tempo, a ética jornalística começou a se tornar dúbia. Até aonde um repórter ia/vai para conseguir um furo? O que ele era/é capaz de fazer?

Eu entrei orgulhosa neste mundo e acho que vou sair descontente. Estes anos fui aprendendo que o jornalista ainda é importante, mas perdeu seu espaço, graças a tantos escândalos.

E eu, como vou ficar? O que fazer, já que tem mais jornalista formado do que jornal para trabalhar? Ups! Colei

Passei pelo CEFOJOR, onde "estudei" jornalismo, e depois andei trabalhando por aí. Na verdade, nunca tive o sonho de ganhar um prémio por um furo... eu queria só ser jornalista. E dizem que sou, mas não me considero uma profissional como aquelas que usam o talento investigativo e o feeling comunicativo para benefício dos seus leitores.

No próximo dia 7 de Abril (dia do jornalista), desejo a todos, e a mim, um dia especial. Um dia para que reconheçamos que ainda somos importantes, principalmente na Afrika, onde a informação carece de verdade. Somos o elo entre o mais humilde e o mais forte, que vez ou outra burla as reais definições. Somos o significado da verdade e precisamos honrar isso.

Mesmo que nosso talento e sentimento não seja mais necessário, não devemos nos deixar abater. Escrevemos, e passamos tanto tempo nos esforçando e, agora, merecemos ganhar os lucros de tanto esforço. Responsabilidade atrai responsabilidade e sinceridade precisa ser característica irrefutável e inexorável.
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Feliz dia do Jornalista